Com uma prática de acolhimento aos visitantes e com um modelo que se opõe ao turismo predatório, sem agressão ao meio ambiente e com respeito às comunidades, no dia 13 de abril, o Projeto Rede Solidária de Mulheres de Sergipe, realizado pela Associação de Catadoras de Mangaba de Indiaroba (Ascamai), em parceria com a Petrobras e com o apoio da Universidade Federal de Sergipe (UFS), promoveu uma experiência de roteiro de Turismo de Base Comunitária (TBC), no município de Carmópolis.
A vivência colocou as mulheres da cidade de Carmópolis e do povoado Aguada como protagonistas, onde elas se dispuseram a serem guias e contadoras de histórias. O roteiro foi construído coletivamente com as integrantes da Associação de Mulheres da Rede Artesanal de Carmópolis (ASMURAC), apresentando as singularidades do local, os saberes e fazeres das artesãs da associação e os produtos do “Sabores de Carmópolis”, linha de alimentos feitos por elas a partir das oficinas oferecidas pelo Projeto Rede Solidária de Mulheres de Sergipe.
Elaboração do roteiro
A experiência do roteiro de TBC é uma continuidade do “Roteiro de Comercialização – Turismo de Base Comunitária”, material produzido pelo Projeto Rede Solidária de Mulheres de Sergipe e pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), iniciado em 2018 e lançado em março de 2020. De acordo com a jornalista Rita Simone, que participou da elaboração do roteiro, o material foi uma realização coletiva e sua aplicação em Carmópolis foi fiel à essência do documento.
“Quando a Rede foi formada em 2018, uma categoria de trabalho pactuada foi aquela que pudesse dar conta de articular o bem viver da coletividade e, nesse sentido, também construir um roteiro simbólico e material nos territórios, com suas gentes, identidades e patrimônio, visando sempre o fomento da emancipação das mulheres. Tem sido uma experiência humana fascinante ver que roteiros estão sendo testados e apreciados por colegas jornalistas, pesquisadores, articuladores sociais e a comunidade em geral. O que mais me anima é ver as mulheres protagonizando rotas, destinos, dizeres e fazeres”, declarou Rita.
A catadora de mangaba, Patrícia Santos, foi uma das participantes do Projeto em Capuã, na Barra dos Coqueiros, durante a elaboração do Roteiro de Comercialização. Em 2021, já formada turismóloga, tornou-se responsável pelas oficinas de TBC dentro do Projeto Rede Solidária de Mulheres de Sergipe, trazendo para as mulheres um pouco do que aprendeu na vivência com o Projeto e na sua trajetória de ensino.
Para Patrícia, a inserção dos roteiros de base comunitária é uma forma de construir de maneira conjunta o que as comunidades querem mostrar e contar sobre elas. “O principal para pensar em um roteiro turístico como esse é ouvir as comunidades, para que, de fato, as comunidades não só falem sobre elas, mas que elas possam também gerir o turismo de sua região. Por isso, me deixa muito feliz que o roteiro em Carmópolis tenha mostrado quantas riquezas e histórias a comunidade tem a mostrar, e isso serve para outras”, destacou.
Experiência em Carmópolis
Ao longo da manhã, o grupo realizou um passeio e trilha pelo Parque das Mangueiras, em Carmópolis, com uma roda de conversa sobre a história da cidade e do local, além da apresentação das mulheres e dos produtos Sabores de Carmópolis, feitos pelas mulheres que fazem parte da Rede. Já à tarde, o grupo visitou a Igreja do Massacará, no povoado Aguada e dialogou sobre o Batalhão de Bacamarteiros.
Ao final do roteiro, o dia foi coroado com a apresentação Cultural do Grupo de Bacamarteiros, com destaque para a única mulher bacamarteira do Batalhão, Valdiene Vieira, que também faz parte do Projeto e colabora para o empoderamento e autonomia feminina de sua comunidade.
A jornalista Jaci Rosa Cruz, esteve na experiência e contou que a forma de condução das mulheres trouxe outro olhar sobre o território e as habilidades desenvolvidas por elas na associação.
“Experienciar novos modos de viver nos faz crescer imensamente. Saberes, modos de fazer, sintonia com o espaço geográfico e cultural que guiam e moldam uma comunidade, pequenas civilizações, são preciosidades. Tive uma experiência linda com as mulheres do Projeto Rede, foi uma incrível conversa, em lugares lindos e com muita cultura em toda parte. É um destino para viajantes”, relatou Jaci.
Participação e autonomia das comunidades
A artesã Maria Eugênia Lima Santos celebrou o momento de empoderamento e autonomia a partir da vivência do turismo de base comunitária. “Antes do projeto, ninguém tinha essa preocupação em nos perguntar o que a gente gostaria de fazer, de mostrar, e esse tipo de vivência faz com que a gente faça parte dessa construção. Para mim, foi uma ótima surpresa, eu gostei muito de ter participado dessa experiência tão interessante”, disse.
O contato com histórias de sua própria terra trouxe a sensação de felicidade e gratidão à Joelma Siqueira dos Santos, nascida e criada na cidade de Carmópolis. “Essa é uma nova experiência e eu gostei bastante porque é na minha terra. Foi muito prazeroso e de muito aprendizado com a troca de vivências e histórias com pessoas que eu já conhecia e outras que eu ainda não conhecia. Eu espero que mais iniciativas como essa sejam realizadas”, concluiu.
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