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Projeto Rede Solidária de Mulheres e Embrapa discutem rotas para turismo gastronômico

 

O turismo gastronômico com ênfase na prática e nos princípios do Turismo de Base Comunitária (TBC) foi tema de dois encontros, realizados na última quarta e quinta-feira, 27 e 28, respectivamente, entre a coordenadora do Projeto Rede Solidária de Mulheres de Sergipe, Mirsa Barreto, as membras da Associação das Catadoras de Mangaba de Indiaroba (Ascamai) e da Associação da Catadoras e Catadores de Mangaba do Município de Barra dos Coqueiros (ACMBC) com os pesquisadores João Roberto, Rodolfo Osório, e Aluisio Goulart, da Embrapa Alimentos e Territórios/AL, Raquel Fernandes, da Embraba Tabuleiros Costeiros/SE, e o professor do Departamento de Turismo da Universidade Federal de Sergipe, Dênio Azevedo.

 

O primeiro encontro aconteceu na sede da ACMBC, no Povoado Capuã, onde os membros da Embrapa apresentaram o Projeto Paisagens Alimentares e discutiu com as catadoras de mangaba algumas ideias de roteiros gastronômicos, baseado nos Roteiros de Comercialização e Turismo de Base Comunitária, construído pelo Projeto Rede Solidária de Mulheres, em processos coletivos de diálogos com as mulheres do projeto, nos anos de 2019 e 2020.

 

“O projeto envolve os estados de Pernambuco, Alagoas e Sergipe. Aqui, nossa proposta é criar cinco ou seis rotas gastronômicas tendo o alimento como protagonista e, neste caso em específico, a mangada como protagonista de um roteiro turístico gastronômico, envolvendo as comunidades tradicionais e extrativistas que trabalham com a fruta. O turismo gastronômico pode ampliar a conexão das pessoas com o espaço rural, valorizando o alimento, a cultura, a história do lugar e o saber-fazer tradicional”, explicou Aluisio Goulart, Supervisor do Setor de Inovação e Tecnologia da Embrapa Alimentos e Territórios, em Maceió (AL).

 

 

Considerando a pertinência do projeto, Patrícia Santos, vice-presidente da ACMBC, ressaltou a importância de uma metodologia participativa para o desenvolvimento do projeto, enquanto uma prerrogativa para a aceitação da comunidade. “Nós que fazemos parte de comunidades tradicionais estamos um tanto quanto calejadas de propostas de projetos que chegam até nós de maneira impositiva, sem respeitar nossa dinâmica de trabalho e modos de vida. Então, para nós, é essencial a garantia de autonomia nos processos de decisão das ações que nos envolvem”, afirmou.

 

Em resposta, o pesquisador Rodolfo Osório assegurou que a comunidade estará no centro da construção processos decisórios de realização e desenvolvimento do projeto. “É um compromisso nosso garantir a autonomia das comunidades e dos movimentos sociais envolvidos na iniciativa do Projeto Paisagens Alimentares. Nossa ideia é fortalecer o que as comunidades já estão construindo”, disse.

 

Para Mirsa Barreto, coordenadora do Projeto, qualquer iniciativa com as comunidades precisa partir do respeito às suas vivências. “Nas comunidades, nós encontramos muitas histórias e experiências de vida de mulheres reais, que lutam para sobreviver. É importante não romantizar, nem atenuar essas vivências, porque elas são como são, e é justamente aí que reside a riqueza de suas histórias, que merecem ser compartilhadas e valorizadas no processo do turismo de base comunitária. Um turismo onde o princípio é respeito a natureza, respeito às pessoas, a história e a cultura dessas pessoas”, afirmou.

 

Pontal

 

No segundo dia, os pesquisadores da Embrapa foram até o Povoado Pontal, em Indiaroba, conversar com as lideranças da Ascamai e experienciar um passeio de tototó pelas águas do Rio Real, que divide os estados de Sergipe e da Bahia, além das delícias gastronômicas da região.

 

Já na chegada, os visitantes foram surpreendidos com o sabor de deliciosas cocadas feitas por Maria de Fátima, a dona Tatinha.  Na sequência, Alicia Salvador, presidente da Ascamai, explicou a proposta pensada para o dia. “Nós vamos fazer um passeio de tototó com seu Eron, um dos pescadores mais experientes da nossa comunidade, passando pelos mangues, onde nós mulheres marisqueiras catamos aratu, depois vamos conhecer o lugar onde estão sendo cultivadas ostras. Tudo isso com muita conversa sobre as nossas tradições”, contou.

 

 

“Estamos muito felizes com tudo com vimos, ouvimos e comemos aqui em Pontal. Essa comunidade é de uma riqueza impressionante. O verdadeiro turismo de luxo está aqui, na oportunidade de aprender como as mulheres catam o aratu e a mangaba, fazem a cocada, vivem e se relacionam em comunidade. E é disso que é feito o turismo de experiência, é isso que nós esperamos que vocês queiram compartilhar com os turistas”, disse João Roberto, da Embrapa.

 

O dia foi finalizado com uma roda de conversa da sede da Ascamai.

 

 

Paisagens Alimentares

 

O título da iniciativa, que conta com financiamento do Banco Internacional de Desenvolvimento (BID), é “Potencializando Paisagens Alimentares da Região Nordeste” e também já foi discutido durante reunião, em novembro de 2021, com o secretário estadual de Turismo, José Sales Neto, e representantes da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), do  Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e da Universidade Federal de Sergipe (UFS).

 

À época, além da comitiva da Embrapa, participaram da reunião Fábio Dickson, gestor da Rota do Engenho;  Thiago Oliveira, gerente da unidade de atendimento coletivo do Sebrae; Bianca Faria, analista técnica do Sebrae; Dênio Azevedo, professor de Turismo na Universidade Federal de Sergipe (UFS); Geraldo Barros, presidente do Instituto  de Desenvolvimento da Apicultura (Beeva); e Jannyne Barbosa, diretora executiva do Instituto Beeva.

 

Com informações da Embrapa Tabuleiros Costeiros.