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Catadora de Mangaba faz relato em prosa do Intercâmbio da Rede em Uauá, na Bahia

 

Entre os dias 04 e 07 de maio, as mulheres do Projeto Rede Solidária de Mulheres de Sergipe partiram para a cidade de Uauá, no estado da Bahia, para o intercâmbio com a Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá – COOPERCUC-GRAVETERO.

 

A catadora de managaba e liderança jovem, Tainara Nascimento, fez um belíssimo relato do intercâmbio em prosa. Nara, como a conhecemos, é moradora do Povoado Ribuleirinha, no município de Estância.

 

Confira a prosa:

 

Mulheres arrumem as malas, vamos prosear com o pessoal da Coopercuc, vamos embarcar dia 04, para o sertão baiano para uma cidade chamada Uauá, a cidade onde tem bode, umbú e maracujá.

 

E lá vamos nós, embarcamos às 9hs, na nossa nave, comandada pelo Sr. Gilson, a Rede Solidária de Mulheres de Sergipe, só moças “bunitas”, sim “senhô”.

 

As horas foram passando e o tempo todo nós perguntava, já estamos chegando, e a resposta era, é logo ali, algumas dormiam, outras cantavam, outras apreciavam a paisagem da caatinga, uma gritou, olha o bode, e a outra respondia com risadas.

 

A alegria vinha junto com as meninas, a Val, arranca sorrisos largos da gente, tia Dilva fez a uma viagem longa ficar curta, com tanta energia e alegria.

 

Mais tarde já aperriada, Silvana perguntava: estamos chegando? E “num” é que já avistavamos Uauá.

 

Todas varadas de fome, comemos bode assado, e a comidinha baiana com tempero de amor, cansadas da viagem mais cheias de energia, depois do almoço, uma horinha para o bucho digerir o bode.

 

Corre meninas, vamos lá na Coopercuc, nossa nave já estava pronta para partir, e lá vamos nós, os olhos brilhavam, o sonho se tornou realidade.

 

Nem deu tempo de fechar os olhos e já avistamos a Coopercuc, xiiii, mais cadê as mulheres, dois “cabra home” se aprochegou, e gentilmente tratou de se apresentar, Carlinhos e Zé Milton, que logo começou a prozear, fez um resgate do início da cooperativa, das dificuldades, das conquistas e dos benefícios, e foi tão bom, ouvir como o início da cooperativa e o estamos vivendo hoje, mais que dia arretado de bom sô.

 

A noite chegou e todas cansadas, não sinhô, vamos noitar…

 

Partiu dia 05, vamos conhecer uma comunidade, Serra da Besta, longe umas 30 léguas, que lugar lindo, com o ar tão puro, chega uma senhora de sorriso largo, chega minha gente, sou a Dona Maria Perpétua, que doce senhora, vamos ali na agrocaatinga que vou mostrar tudinho “pro cês”, o sol das 10hs, no sertão e quente mais não amedrontou nenhuma mulher, ele é escaldante mais é tão gostoso, bora bora, essa aqui é o reservatório falava ela com os olhos brilhando, “fia” foi quatro anos, para ele sangrar, e foi uma alegria para o sertão.

 

Aqui tem, amora, banana, Romã, tem tomate, coentro, pimentão, tem batata e macaxeira, tem evas e hortaliças daqui matamos nossa fome e o que sobra vendemos para comprar o que falta em casa, tanto saber dona Maria Perpétua tem, e passa para as moças com tanta emoção, fias criei meus filhos tudinho, um tá pras bandas lá, tenho uma filha professora, São filhos maravilhosos, criados com amor, ficaríamos horas e horas ouvindo ela, mais chegou o momento de seguir guardiã da caatinga é puro amor, despede mulheres que nossa nave estava pronta pra partir, até logo Dona Perpétua, até logo Serra da Besta, na cidade nus aguarda um delicioso almoço.

 

Uma hora para descansar para uma nova visita na Coopercuc, conhecemos a agroindústria, o viveiro de mudas, como é feito o armazenamento e rotulagem dos produtos, falamos e ouvirmos, aprendemos e ensinamos, poxa chegamos ao fim do dia e lá fomos noitar, vamos meninas que amanhã tem mais atividades…

 

Dia seis, último dia de prozear, vamos lá na fábrica de temperos, eitxa isso aiii que as moças estão fazendo é o que? é licor moças, usamos as folhas, geleia de umbú e a pinga, batemos “tudin” no liquidificador, que por sinal é gigante e colocámos para maturar por quarenta dias, um processo diferente mais bem interessante, Dona Helena moça tímida mais com tanta saber, ela nos falou que ama o sertão, mais uma vez chegou a hora de se despedir, tchau, Larges da Aroeira.

 

Agora chegou a hora de visitar a fábrica de gelados comestíveis na comunidade do companheiro Valdivino, testa branca comunidade tradicional de fundo e fecho de pasto, estamos bem no finalzinho da nossas proza por Uauá, mais antes uma degustação de sorvete, de umbú, Licuri e buriti, que sabor maravilhoso, sabor de caatinga, sorvete aprovado, vamos para última atividade lá na Coopercuc, conhecer a presidenta Denise, mulher arretada preta, e cheia de vontade do fazer para acontecer, e a gente trás na bagagem a troca, a experiência de vivenciar três dias incríveis.

À Rede Solidária de Mulheres de Sergipe, a toda equipe, deixamos nossa gratidão, por nos proporcionar esse momento de troca, esse foi um pouquinho do que vivemos em Uauá, localizado no sertão baiano.