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Mulheres artesãs desenvolvem prática terapêutica através das mãos

 

Desde a infância, Maria Ivanete Cardoso de Jesus, carinhosamente conhecida por Nanny, aprendeu com sua mãe a rendar. Artesã de mãos cheias da cidade de Divina Pastora, que produz peças de variados modelos da Renda Irlandesa, Nanny é umas das habilidosas mulheres que fazem parte do Projeto Rede Solidária de Mulheres de Sergipe, realizado pela Associação das Catadoras de Mangaba de Indiaroba (Ascamai), em parceria com a Petrobras e com o apoio da Universidade Federal de Sergipe (UFS), e que através do ofício passado de maneira geracional, transforma trabalho em arte-terapia.

 

“A Renda Irlandesa entrou na minha vida na infância, passando de geração em geração. Atualmente é uma forma de complementar a renda de casa e eu tento passar o ofício para as minhas filhas, que já estão seguindo os passos e produzindo peças maravilhosas. Mas, eu quero dizer que para além de um trabalho, quando eu faço a renda, eu esqueço de tudo, por isso a renda é uma terapia para mim, porque me deixa tranquila, em paz e eu ainda fico satisfeita com o resultado do que faço. É por isso que quero passar para as próximas gerações porque a renda conta a nossa história, mas também cuida faz bem à nossa mente e autoestima”, conta, Nanny.

 

Além das divinas peças de renda irlandesa produzidas pelas mulheres do projeto, o macramê e o crochê também tem ganhado destaque entre as adeptas a este fazer manual. Para a artesã do município de Carmópolis, Eugênia Lima, não há idade para começar, o importante é ter a disposição e a vontade de aprender novos saberes. “Para mim, o artesanato é uma terapia para todas as pessoas. Quando eu comecei a fazer o macramê eu me senti bem, foi um tipo de terapia para mim, pois comecei no momento em que eu estava praticamente sozinha, e quanto mais você faz, mais você aprende e se sente melhor, se supera, cria novos pontos, e se sente melhor ainda com o resultado daquilo que você criou com suas próprias mãos”, disse.

 

Fonte de renda

 

Paulista de nascimento, mas sergipana de coração, a artesã Ieda Cruz, que reside no povoado Marimbondo, em Pirambu, afirma que apesar de ser uma arte geracional, que se aprende na família, as habilidades com as diferentes agulhas de tear devem estar aliadas também à profissionalização das artesãs, uma vez que é um fazer que requer técnicas e habilidades precisas, mesmo tendo um viés terapêutico para quem as desenvolvem.

 

“Eu faço crochê, tricô, ponto cruz, tricotinho, costura criativa desde pequenininha. É uma terapia que não consigo deixar de fazer porque me faz bem, porém, eu penso sempre que temos que unir o útil ao agradável, então eu acredito que é uma fonte de renda importante para quem faz. E saber que nós artesãs, temos a possibilidade de ampliar ainda mais o leque não só para aprimorar a nossa técnica, mas para melhorar as vendas através das oficinas e cursos do projeto é algo maravilhoso, que nos valoriza e valoriza a nossa arte”, destaca, Ieda.

 

A coordenadora do projeto, Mirsa Barreto, reforça a união e a valorização das habilidades das mulheres como força-motriz do projeto, uma vez que promover a autonomia e o bem-estar das mulheres é um dos objetivos da iniciativa. “É muito satisfatório acompanhar e promover a qualificação profissional de diversas artesãs extremamente talentosas e habilidosas, que muitas vezes, precisavam somente de um impulso, um olhar mais afetuoso para o seu fazer. O nosso papel é também o de promover essa autonomia aliada ao bem-estar e ao bem viver das mulheres que, com suas mãos, enfeitam a vida”, finalizou.