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Mães em Rede compartilham as dores, as delícias e os desafios da maternidade real

 

A sabedoria de mulheres mais velhas indica que tudo na vida começa por uma mãe. Desde o nascimento, a nossa sociedade projeta um ideal de maternidade e uma lista de expectativas a serem cumpridas, mesmo quando o mundo nos convida sempre a nos deparar com múltiplas realidades.  Para dialogar sobre um dos assuntos que mais atravessa as mulheres do Projeto Rede Solidária de Mulheres de Sergipe, realizado pela Associação de Catadoras de Mangaba de Indiaroba (Ascamai), em parceria com a Petrobras e com o apoio da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e do Movimento de Catadoras de Mangaba (MCM), convidamos algumas mães do projeto para nos contar sobre suas histórias complexas e caudalosas sobre a maternidade.

 

 

Com 16 anos, Laize Feitosa, artesã do povoado Flexeiras, em Santo Amaro das Brotas, carinhosamente chamada por Amada , teve a sua primeira filha. Hoje, aos 46, ela celebra os 6 filhos que pariu e criou. “Ser mãe é enfrentar o mundo, porque são vários obstáculos que cada dia a gente tem que superar para ser mãe e ser de verdade. Eu me sinto uma mãe imperfeita. E eu vou dizer, cada dia é uma luta constante porque além de toda a dificuldade para educar, ensinar o certo, tem o preconceito, tem o dedo apontado, principalmente quando você é mãe solo. Mas, eu sempre segui em frente, sempre mostrando para os meus filhos que a gente é tudo que a gente puder ser, independente da gente ter o pai presente ou a mãe presente”, enfatizou.

 

Amada ainda ressalta que, por ter criado os filhos praticamente sozinha, sem a presença do companheiro, mesmo com muita luta, ela seguiu em frente e deu o seu melhor, sempre com muito diálogo, entre os erros e os acertos. “Quando eles erram e eu converso, eles reconhecem, têm essa relação de diálogo aberto comigo, eu sinto que é um alívio, uma benção, porque são tantas dificuldades para a criação, muito além da parte financeira, que, quando seus filhos confiam para conversar com você, é a melhor coisa do mundo, é uma benção de Deus e ser mãe para mim é isso, uma benção que Deus me deu em formato de meus filhos”, disse.

 

Partindo para o povoado Aguada, em Carmópolis, a artesã Valdiene Vieira, 50 anos, conta que a maternidade começou para ela aos 19 anos. “Tive seis filhos, tenho cinco vivos, Jesus me tirou um. Tenho quatro netos e esperando mais um netinho que está chegando. Eu costumo dizer que ser mãe é sofrer no paraíso porque o sofrimento é grande, as lutas são grandes, mas quando a gente se propõe a proteger e a ensinar o bem aos nossos filhos e nossos netos, se torna um sofrimento gostoso. O maior tesouro que Deus poderia ter me dado foi meus seis filhos, que acabou se tornando cinco”, compartilhou.

 

Valdiene destaca que teve uma criação muito rígida e uma mãe dura, mas que ela filtrou os ensinamentos e atitudes e fez diferente em algumas situações com os filhos e netos. “Minha mãe é muito dura, mas eu sou muito grata, e às vezes eu sou dura também e não me acho tão boa mãe, mas eu vejo que meus filhos me valorizam, porque eles viram todo o sacrifício para que nada faltasse para eles então, se eles me consideram uma boa mãe, então eu acredito que sou. E o projeto tem me ajudado muito a pensar e a pôr em prática tantas questões importantes para nós mulheres, inclusive a tirar de nós essa culpa materna que a maioria de nós carrega”, pontuou, Valdiene.

 

Mães em Rede

 

Assim como Amada e Valdiene, o projeto acolhe diversas mães em suas múltiplas realidades e atividades desempenhadas, de modo a auxiliá-las na conciliação dos cuidados com os filhos e os trabalhos que elas desenvolvem no projeto, além das atividades fora de suas comunidades, como o estímulo à participação em eventos, feiras, cursos técnicos e profissionalizantes, um papel fundamental para a redução da sobrecarga materna e para que às mães não sejam delegadas somente as funções do cuidado.

 

Por isso, dentro do projeto, as mais de 500 mulheres artesãs, rendeiras e extrativistas, que participam de ações voltadas à autonomia e ao empoderamento, a partir da realização de oficinas, cursos e espaços de diálogos para a troca de conhecimento e fortalecimento da autoestima, fortalecem também as suas famílias, mães, filhas, filhos, netas, irmãs e comunidades, sendo multiplicadoras de saberes ancestrais, fomentando a economia local e aumentando a rede de união, força e coletividade entre elas.

 

De acordo com a coordenadora do projeto, Mirsa Barreto, muitas mães, filhas e netas participam do projeto com o intuito de fortalecer umas às outras e também incentivar a economia criativa a partir das habilidades e matéria-prima que cada território ricamente produz. “Além das oficinas e cursos, lançamos no ano passado o E-commerce do projeto, uma demanda antiga das mulheres. O site é uma ferramenta que contribui para a disseminação das histórias e memórias delas, alinhada à comercialização dos produtos”, concluiu.

 

E para celebrar o Dia das Mães, as mulheres desenvolveram uma campanha junto à equipe técnica do projeto, através do E-commerce:

kits Especiais para o Dia das Mães (lojaintegrada.com.br)