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Mulheres do Projeto Rede Solidária e a luta coletiva pela preservação ambiental

 

 

Preservar o meio ambiente é um dos objetivos que norteiam o projeto Rede Solidária de Mulheres de Sergipe, realizado pela Associação de Catadoras de Mangaba de Indiaroba (Ascamai), em parceria com a Petrobras e com o apoio da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Composto por mais de 500 mulheres situadas em 11 municípios e 19 comunidades distribuídas em associações, o projeto busca enfatizar e priorizar a luta pelos territórios extrativistas como forma de preservar saberes ancestrais que são força-motriz para a sustentabilidade do planeta.

 

De acordo com a coordenadora do projeto, Mirsa Barreto, a preservação ambiental é um dever coletivo, que parte de anseios individuais a partir da relação de cada uma das mulheres com os seus territórios. “Cada narrativa das mulheres é atravessada pela preservação dos saberes ou dos territórios, sejam elas mulheres extrativistas ou artesãs, esse é um ponto comum a todas. Por isso, um dos objetivos do projeto é justamente o de fornecer mecanismos e oficinas que viabilizem a preservação dos territórios com aulas práticas para melhoramento do solo, a inserção de hortas, de quintais produtivos, que além de promover o bem-estar coletivo, promove fonte de renda para as famílias e alimentação saudável e de qualidade”, afirmou.

 

Exemplo de prática coletiva para a preservação ambiental é a realização das oficinas de Agroecologia, realizadas pela engenheira florestal do projeto, Chiara Donadio, e que tendem a contribuir de forma positiva para a preservação dos territórios, pois resgata métodos e práticas do saber-fazer ancestral, práticas estas, utilizadas para a produção de alimentos, como também para a produção e uso de plantas medicinais, além do reconhecimento  dos produtos da sociobiodiversidade que identificam esses territórios. Possibilita ainda, a sensibilização das mulheres  em relação aos cuidados com a saúde, a segurança e a soberania alimentar, a preservação da natureza e o desenvolvimento rural sustentável.

 

“É necessário refletir sobre as ações e os impactos no ambiente hoje, e preservá-lo para que as gerações futuras possam desfrutar desses recursos. Podemos preservar o meio ambiente com práticas simples e sustentáveis, como reduzir o consumo, produzir menos lixo e estimular a coleta seletiva, gerenciar a água utilizada evitando o desperdício, produzir alimentos através de práticas e manejo agroecológico, evitando a degradação do solo e dos recursos naturais, plantar mais árvores. Estas são algumas práticas sustentáveis que contribuem para a manutenção e preservação do meio ambiente”, destacou, Chiara Donadio, engenheira florestal do projeto.

 

 

Sustentabilidade como fonte de vida e renda

 

Donei Alves Ferreira, da comunidade quilombola Lagoa do Junco, no município de Poço Verde, é uma das mulheres que está à frente dos cuidados com a horta construída a partir das oficinas de Agroecologia e celebra os cuidados com a terra como mais uma forma de fonte de vida e de renda. “Cuidar da horta para mim é de grande satisfação e alegria porque são momentos de troca de conhecimento, aprendizado que a gente aprende nas oficinas. É muito bom porque pegamos conhecimentos diferentes, dividimos momentos, compartilhamos saberes e é importante porque elas também nos dão uma possibilidade de sermos independentes e termos uma nova geração de renda com o nosso trabalho na horta”, disse.

 

Para a catadora de mangaba do povoado Capuã, no município de Barra dos Coqueiros, Ednalva de Jesus, “Nalvinha”, o trabalho do projeto junto às mulheres é uma forma de lutar pelo território, uma vez que as mangabeiras têm perdido cada vez mais espaços no município. “Eu acho muito importante porque a gente está perdendo território, e com essas oficinas, vai nos dar mais oportunidade de querer envolver as comunidades para dar mais força contra a especulação imobiliária. Está acabando tudo. Inclusive estamos comprando polpa lá em Baixa Grande, Pirambu porque não está tendo mais mangaba para nós, tem lugar que não deixam nem a gente entrar, por isso é tão importante a união para que a gente consiga preservar os nossos territórios”, concluiu, Nalvinha.