O projeto Rede Solidária de Mulheres de Sergipe, realizado pela Associação de Catadoras de Mangaba de Indiaroba (Ascamai), em parceria com a Petrobras e com o apoio da Universidade Federal de Sergipe (UFS), tem como um dos objetivos a construção e o desenvolvimento de conceitos como autonomia e equidade de direitos. É com este propósito que, nos últimos meses, novos cursos vêm sendo ofertados para ampliar as possibilidades dentro da economia criativa que impulsiona o saber-fazer das mulheres.
De acordo com a coordenadora do projeto, Mirsa Barreto, cursos de automaquiagem, design para desenvolvimento e aprimoramento de produtos e patchwork são demandas das mulheres visando expandir ainda mais os seus talentos através de suas criações. “Para além de uma oportunidade de trabalho, os cursos exercem um papel fundamental que é também o de promover encontros, bem-estar, troca de conhecimento e fortalecimento das mulheres e suas comunidades”, afirmou.
A professora dos cursos de automaquiagem e design para aprimoramento dos produtos, Dany Queiroz, aponta que os resultados dos encontros com as mulheres têm sido surpreendentes; “Foi notória a mudança de postura durante as aulas, tanto de automaquiagem, como de design. As oficinas de automaquiagem passaram em todos os territórios que fazem parte do projeto e foi uma ferramenta de resgate de autoestima. Além do empoderamento, trabalhamos o senso de coletividade, de colaborar umas com as outras e isso foi muito bonito de se ver”, celebrou.
Desenhando novos rumos
Márcia Soares, artesã do povoado Malhadinha, no município de Poço Verde, relatou maravilhada a importância em aprender elementos que irão agregar valor ao trabalho que elas já desenvolvem na tecelagem. “Com as oficinas de design, estamos aprendendo a importância das cores e suas combinações, o desenvolvimento da marca e o que ela pode comunicar, e isso só tem me dado mais vontade em aprender e adquirir mais conhecimento para aplicar aqui na tecelagem”, disse.
Para Maria Ivonete, conhecida carinhosamente por Nanny, artesã da Associação das Rendeiras Independentes de Divina Pastora (Asdrin), o curso de design retorna para a comunidade a pedido das rendeiras para dar continuidade a elaboração de um planejamento que facilite ainda mais na criação de produtos e serviços. “A professora Dany busca sempre soluções criativas e inovadoras para atender cada necessidade do cliente e da nossa associação de forma sintonizada com as demandas e oportunidades do mercado. Nesse curso com Dany, aprendemos o uso de elementos visuais, como cores, formas, estruturas e imagens para criar projetos que sejam eficazes e atraentes. Está sendo maravilhoso e é produtivo. Só tenho a agradecer”, ressaltou, Nanny.
Compartilhando conhecimento
Além do curso de design, que está sendo realizado na tecelagem do povoado Malhadinha e em Divina Pastora, o curso da técnica patchwork, chegou ao povoado Capuã, no município de Barra dos Coqueiros, para diversificar os conhecimentos das mulheres extrativistas. Maria Gildete dos Santos, artesã e uma das mulheres que integram o projeto, inscrita pelo povoado Alagamar, em Pirambu, que decidiu passar adiante uma de suas artes às mulheres.
“O artesanato entrou na minha vida depois que minha filha mais nova nasceu. O meu esposo não queria que eu trabalhasse fora porque não queria deixar nossa filha com ninguém. Então, minha vizinha me convidou para fazer um curso de patchwork, eu nem sabia o que era, mas quando fiz os cursos, me apaixonei. O artesanato me ajudou a sair de uma depressão, pois eu estava acostumada a trabalhar e passei a não trabalhar mais. Com a produção das peças e agora tendo a oportunidade de passar o conhecimento a outras mulheres, digo que o artesanato é uma grande paixão e quero seguir fazendo isso e que outras mulheres aprendam e façam também”, finalizou a artesã e professora do curso de patchwork.
