Compartilhar histórias, memórias, territórios, modos de vida, cosmovisões e relações de complementariedade com a natureza, assim como os paradoxos enfrentados pelos povos originários do Brasil é crucial para o presente e para as futuras gerações. Desta forma, o projeto Rede Solidária de Mulheres de Sergipe, realizado pela Associação de Catadoras de Mangaba de Indiaroba (Ascamai), em parceria com a Petrobras e com o apoio da Universidade Federal de Sergipe (UFS), apoiou e participou do Seminário Internacional Mulheres de Abya Yala: do barro Xokó à (re)existência Pataxó – Pankararu.
A iniciativa foi realizada de 12 a 14 de fevereiro, no Centro de Cultura e Arte da UFS, de maneira gratuita, com recursos da Lei Complementar Federal nº 195/2022 (Lei Paulo Gustavo), por meio do edital n. 07/2023 | Ilma Fontes, executado pela Fundação de Cultura e Arte Aperipê de Sergipe |FUNCAP/SE e idealizada por Buen Vivir Educomunicação, através da jornalista, professora e pesquisadora, Rita Simone.
“Mulheres de Abya Yala apresentou potentes cuias, como rodas de conversa, mostra de arte, documentários, lançamento de livro e oficinas que se abriram para que as vozes das intelectuais Xokó, Pankararu, Pataxó e das pesquisadoras do campo indígena e ambiental impulsionassem uma abordagem decolonial, a interculturalidade e o bem viver da coletividade. É necessário que a sociedade reflita sobre o papel da identidade cultural, e sua relação com o senso de pertencimento dos grupos indígenas. Esse sentimento é constituído por traços distintivos que abrangem dimensões étnicas, materiais, imateriais, intelectuais e simbólicas, e foi com esse propósito de troca de saberes, que este espaço foi pensado”, ressaltou, Rita Simone.
Com a coordenação acadêmica da UFS|Libras e o apoio dos Institutos Federal de Sergipe e Ç I R I J I, o evento contou ainda com a participação de pesquisadoras da Virgínia Tech University, do Neabin e das mulheres que fazem parte do projeto, que além de compor as rodas de conversa, também aproveitaram a ocasião para comercializar seus produtos que são feitos a partir da potência e força ancestral das comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas de Sergipe.
“Nós, mulheres, em nossa diversidade, nos unimos neste espaço para fazer esse compartilhar de saberes, de histórias, de lutas, de dores e vitórias. Esse encontro fortaleceu ainda mais os laços comuns entre nós, que temos lutas tão semelhantes, para manter viva a nossa tradição, o nosso território e a nossa história. Foi de grande importância poder participar e partilhar minha experiência enquanto mulher quilombola e catadora de mangaba com mulheres de força e de luta”, destacou Alícia Salvador, catadora de mangaba de Indiaroba e integrante do projeto Rede.
De acordo com a coordenadora do projeto, Mirsa Barreto, a Rede é uma iniciativa que constrói, desde o seu surgimento, o fortalecimento das mulheres. “O nosso trabalho é uma construção coletiva desde o seu princípio e segue com esse objetivo de reconhecer a potência das mulheres que fazem parte do projeto. E o que considero mais potente é justamente a diversidade das mulheres e de seus territórios, que é uma grande riqueza para nós. E estar participando e partilhando com elas, entre elas, num evento com um olhar tão sensível como o Seminário Abya Yala, é celebrar o reconhecimento da força e da união das mulheres infinitas e diversas”, concluiu, Mirsa Barreto.
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