Nos dias 18 e 19 de agosto aconteceu um encontro especial com representantes das associações que integram o projeto Rede Solidária de Mulheres de Sergipe, uma iniciativa da Associação das Catadoras de Mangaba e Indiaroba (Ascamai), em parceria com a Petrobras e com o apoio da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e do Movimento de Catadoras de Mangaba de Sergipe (MCM). Foram dois dias de discussões, trocas de conhecimento e experiências sobre comunicação e saúde, com foco em fomentar de um olhar cuidadoso, inclusivo e solidário sobre o tema.
No primeiro dia do evento, a jornalista do projeto, Rita Simone, iniciou a manhã com dinâmicas de acolhimento e união, além de uma palestra sobre Ecofeminismo, Sustentabilidade e Comunicação Não-Violenta. O conteúdo reforçou a relação indissociável entre saúde e natureza e destacou a importância de utilizar a comunicação como ferramenta de cuidado, empoderamento e transformação.
“O conteúdo que trabalhamos expressa a relação indissociável entre saúde e natureza. Através de uma abordagem holística e de dinâmicas educomunicacionais, buscamos reconstruir o diálogo utilizando o corpo e as mãos como plataforma de cuidado. Esse encontro foi essencial para fortalecer a nossa capacidade de conviver com os seres vivos de forma igualitária e solidária, ampliando a nossa força coletiva para seguir promovendo saúde, solidariedade e bem-viver”, destacou Rita.
As mulheres também puderam dialogar com a psicóloga clínica e uma das convidadas para participar do workshop, Luana Barroso, sanando dúvidas sobre saúde mental, além de desabafarem sobre questões delicadas que envolvem o tema. Houve também a exibição do filme Donas da Terra, seguido com uma roda de conversa com a diretora Ana Marinho. “Eu fiquei muito emocionada com as palestras e com a exibição do filme porque traz uma memória afetiva muito grande sobre minha ancestralidade e a ancestralidade de minha família, foi um momento de muita emoção”, disse a catadora de mangaba do bairro Santa Maria, Alaine Santos.
No segundo e último dia de workshop, as mulheres receberam as convidadas Maria Luna, fisioterapeuta, e Priscila Batista, médica sanitarista, para dialogar sobre o que é e a importância da fisioterapia pélvica e da ginecologia natural para a manutenção da saúde das mulheres. “Foi uma honra poder partilhar conhecimentos, aprender e ensinar com mulheres que vivem em contextos diferentes do meu, que têm outros aprendizados e ensinamentos a oferecer, que sustentam experiências coletivas de viver cuidando da natureza, dos mares, da cultura, da vida e das ciências ancestrais”, ressaltou Priscilla.
Para finalizar o encontro, as mulheres assistiram o filme Espelho, dirigido por Luciana Oliveira, e puderam conversar com Elisa Lemos, atriz e protagonista do filme. Os debates promoveram momentos de emoção, identificação e troca de saberes entre as participantes. Para a artesã e brincante do reisado São José, povoado do município de Japaratuba, Enilde Gonçalves, carinhosamente chamada como Dona Bilô, o workshop trouxe discussões informativas para as mulheres, sanando dúvidas e orientando encaminhamentos adequados.
“Espero que seja o primeiro de muitos porque eu amei participar, foi muito bom para mim. Primeiro para conhecer mulheres de outras associações e territórios que eu não conhecia, depois porque muitas coisas que foram faladas e mostradas eu também não sabia e aprender é sempre importante. Foi muito bom esses dias, estou muito feliz e só tenho a agradecer pela oportunidade em poder ter participado. Com certeza vou levar muita coisa boa para outras mulheres de minha comunidade”, celebrou Dona Bilô.
O workshop reforçou o compromisso da Rede Solidária com a promoção da saúde integrativa e da comunicação não violenta. Os debates deram continuidade a ações já planejadas e abriram espaço para novas iniciativas de educação e saúde e fortalecimento de vínculos entre as associações e as mulheres.
