Na última quarta-feira, 13, o Projeto Rede Solidária de Mulheres de Sergipe – promovido pela Associação das Catadoras de Mangaba (Ascamai) com patrocínio do Programa Petrobras Socioambiental -, realizou seu segundo intercâmbio cultural e educativo, com objetivo de compartilhar experiências, fortalecer e ampliar a rede de solidariedade e comercialização entre as mulheres.
Desta vez, a troca de saberes aconteceu na Associação das Catadoras de Mangaba de Porteiras, Povoado de Japaratuba, com dez mulheres de Carmópolis, representando as áreas de Santa Bárbara, Palmeira, São José e Aguada. Além da equipe executora do Projeto Rede.
A programação teve início com uma calorosa recepção organizada pelas Catadoras de Mangaba que, em uma roda de acolhimento, apresentou a história de luta das extrativistas da região do Vale do Cotinguiba, e o processo de organização social delas. Em meio a falas potentes, Jaqueline Moura, presidente da Associação, demonstrou segurança em tudo que construiu.
“Eu como catadora de mangaba me sinto vitoriosa. Fiz coisas que nunca imaginava que poderia fazer para conquistar nossa independência. No caminho surgiram várias coisas pra atrapalhar a gente, mas a força vinha do trabalho coletivo, daquilo que a gente construía juntas. Eu sei que já fizemos muito além do que a gente podia, mas sonho em crescer ainda mais”, confessou Jaqueline.
Ao ouvir as palavras de Jaqueline, Valdiene Vieira, artesã e pescadora do Povoado Aguada, em Carmópolis, se emocionou. “É engraçado porque a gente passa por muitas dificuldades na vida e sempre acha que está sozinha. Ouvindo Jaqueline falando, eu lembrei das mulheres da minha família e do quanto a gente batalha todos os dias, e senti que não estamos sozinhas. Somos mesmo uma rede de mulheres fortes. Obrigada por nos contar a histórias de vocês aqui de Porteiras”, agradeceu.
Silvana Correia, Catadora de Mangaba da comunidade Capuã, na Barra dos Coqueiros, também compartilhou seus saberes tradicionais com as mulheres de Carmópolis, ensinando-as a receita de um delicioso biscoito com geleia de goiaba. “Para mim é sempre uma alegria dividir com minhas colegas tudo que aprendi também com outras mulheres”, disse.
A oficina prática contou com o acompanhamento do engenheiro de alimentos, André Souza, que explicou como funciona uma cozinha industrial, além de alertar às mulheres sobre as exigências técnicas da Anvisa e da Vigilância Sanitária para manter a cozinha funcionando.
Emdagro
O intercâmbio ficou ainda mais interessante com a participação dos técnicos da Emdagro (Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe) – região de Japaratuba, Enock Luis Vieira da Silva e Josenilde Oliveiras, que sanaram dúvidas das mulheres sobre o papel da instituição no processo de organização social e facilitação do acesso à políticas públicas, a exemplo da DAP.
De acordo com Josenilde, a Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP) é o passaporte para que agricultores e agricultoras familiares tenham acesso às políticas públicas do Governo Federal. “Com o documento, é possível ter acesso a mais de 15 políticas públicas, dentre elas o crédito rural do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf); a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural; e os programas de compras públicas, Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae)”, explicou.
“O documento pode ser emitido para pessoa física ou jurídica e públicos específicos da agricultura familiar, tais como: jovens, mulheres, extrativistas, indígenas, quilombolas, pescadores artesanais. Os assentados da reforma agrária e beneficiários do Programa Nacional de Crédito Fundiário também podem obter a DAP”, completou Enock Luis.
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